Era uma noite escura, a lua estava em sua fase mais oculta, quase invisível, no céu não se via uma nuvem sequer, apenas estrelas. Já passava da meia-noite quando o som dos passos começou, longe, praticamente inaudível, e foi aumentando. Na rua que levava ao cemitério dificilmente ouviam-se passos, ninguém fora corajoso o suficiente para construir casas por perto, mas ela estava em perfeitas condições.
Logo na entrada dessa rua, o facho de uma lanterna tremulava iluminando alguns metros a frente, atrás dessa luz vinham duas pessoas, Eduardo e Maya.
Eduardo era cerca de uma cabeça mais alto do que Maya, tinha cabelos escuros, próximos ao preto, e olhos do mesmo tom. Vestia jeans folgados, aparentemente prestes a cair, uma camiseta cinza simples e por cima uma jaqueta azul-marinho. Maya tinha olhos verdes e cabelos castanhos, que pareciam estar indecisos entre liso e ondulado, os quais trazia presos em um rabo-de-cavalo alto. Vestia uma blusinha de mangas compridas em tom róseo e jeans skinny. Por trás de seu rostinho meigo e seu corpo magro, Maya escondia uma personalidade envolventemente forte.
Eduardo e Maya eram perdidamente apaixonados um pelo outro. Estavam andando de mãos dadas por essa rua com o objetivo de chegar ao mirante que havia no fim dela, do qual podia-se observar a pequena cidade logo abaixo. O mirante quase nunca era visitado, principalmente durante a noite, pois para chegar até ele era preciso passar em frente a entrada do cemitério, mas isso não impediria o casal.
A caminhada era longa, quase uma hora no ritmo lento que eles estavam. A lanterna estava com Eduardo e ele vinha fazendo brincadeiras para assustar a namorada, que fingia estar realmente com medo, logo no começo da estrada em uma dessas brincadeiras o facho de luz incidiu sobre algo que brilhou e chamou a atenção dos jovens, era uma motocicleta preta, mal estacionada, na pressa que devia estar seu dono. Não havia ninguém por perto.

O casal deu um passo em direção ao veículo quando alguém passou correndo por trás deles. Os dois soltaram as mãos e se viraram justamente no momento em que um chute acertou a lanterna espatifando-a. Alguns segundos se passaram... Maya foi pega bruscamente pela cintura e teve a boca tampada com a mão. Eduardo mal escutou esse acontecimento e só percebeu que sua namorada havia sido capturada quando o sequestrador ligou a moto e saiu em disparada rumo ao cemitério. Desesperado, ele saiu correndo atrás da moto, mas logo teve de diminuir o ritmo já que estava sem luz e não enxergava nada.
Maya se viu em cima de um veículo que, em alta velocidade, passou pelo portão do cemitério e parou derrapando. Então foi arrancada brutalmente e, com os pulsos presos pelas mãos do sequestrador, foi guiada até o fundo do cemitério, pressionada contra o muro, foi virada de frente para o sequestrador, que estava com o rosto oculto pelo capuz da jaqueta. Só se via o seu sorriso debochado e bestial. Maya percebeu as intenções do sequestrador, e quando ele se aproximou e estendeu o braço para agarrá-la, Maya se esquivou, agarrou-o torcendo nas costas do sequestrador e passou uma rasteira derrubando o sujeito de cara na grama.
Maya era lutadora de judô e usou seus conhecimentos para imobilizar o sequestrador enquanto amarrava as mãos e os pés dele usando os cadarços dos seus tênis como cordas. Ela nem se deu o trabalho de ver quem era, apenas saiu do cemitério andando calmamente, justamente quando Eduardo, já sem fôlego de tanto correr, alcançavam o portão. Ele deu uma olhada lá dentro, e vendo a situação do sequestrador, começou a rir enquanto abraçava Maya pela cintura e os dois caminharam em direção ao mirante.
Autoras: Aletya, Marla, Adhia.